quarta-feira, 12 de março de 2014

Dono do nada




As coisas que eu tenho não são mais do que pedras lascadas que me rasgam os passos
São agora lágrimas vertidas que sangram os meus olhos.
As coisas que eu tenho são de falsa prata, que fui comprando, amontoando sem querer e sem o seu valor entender.

Agora desesperada, sufoca a minha alma as querendo oferecer.
Quer dá-las, aliena-las, não empresta-las, faze-las desaparecer…

Tu poeta das causas do amor, queres um lápis desafiado para melancólico escreveres?
Tu senhorio das casas calhadas queres uma cama e uma almofada para não adormeceres?

Sou inquilino da paixão que cobra coragem nesta vida emprestada
Farto de coisas e tralhas que me fazem ser o legítimo dono do nada


© Altino Pinheiro