A minha rua
é um lugar que existe para além do muro do nada.
Uma muralha de
pedra e areia coberta pela sombra branca da cal.
Dois
passeios de gente distante exibindo sem graça a joga que lhes cobre a calçada
da alma.
A minha rua
sobe e desce num sentido transcendente, como o foguete do tempo que ascende ao
céu para explodir num momento.
Tem todas as
portas fechadas, trancadas a oito chaves para que o sentimento não saia e veja
que a rua são afinal duas paredes pintadas de ilusão.
Não tem fim
a minha rua, vai para além do pensamento que é vizinho do infinito, o eco gritante
do firmamento.
A minha rua
tem uma estrela cintilante que teima em brilhar todas as noites e contar histórias
de embalar às paixões já adormecidas.
Do vidro
fosco das janelas vêm-se sorrisos quebrados pela solidão num vazio suportado pela
dor iluminada.
A minha rua
não tem nome.
Faltam as palavras que
descrevam os passos de quem mora na imensidão deste espaço chamado poema.
© Altino Pinheiro