sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A minha rua


















A minha rua é um lugar que existe para além do muro do nada.
Uma muralha de pedra e areia coberta pela sombra branca da cal. 
Dois passeios de gente distante exibindo sem graça a joga que lhes cobre a calçada da alma.

A minha rua sobe e desce num sentido transcendente, como o foguete do tempo que ascende ao céu para explodir num momento. 
Tem todas as portas fechadas, trancadas a oito chaves para que o sentimento não saia e veja que a rua são afinal duas paredes pintadas de ilusão.

Não tem fim a minha rua, vai para além do pensamento que é vizinho do infinito, o eco gritante do firmamento.
A minha rua tem uma estrela cintilante que teima em brilhar todas as noites e contar histórias de embalar às paixões já adormecidas.

Do vidro fosco das janelas vêm-se sorrisos quebrados pela solidão num vazio suportado pela dor iluminada.

A minha rua não tem nome.  
Faltam as palavras que descrevam os passos de quem mora na imensidão deste espaço chamado poema.

© Altino Pinheiro

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