sábado, 26 de abril de 2014

Portugal; sorte ou morte



Não há mais há tempo para a ilusão, rasguem jornais, apaguem a televisão
Chegamos ao ponto crítico, de rasgar e queimar boletins do loto politico
Já não há mais nada que sofrer, comeram-te a carne e o osso te querem roer
Terminou a validade da pachorra, mandemos os imperadores à porra.

Já não há mais resgates nem ajustes financeiros, calemos os curandeiros
Mostrem as estes sacanas , a faca cega da força ou o gume certo da forca
Tragam gatunos ao terreiro, o País está em chamas por causa de suas famas
Cortem-lhes um dedo por cada milhão ou a língua porque dedos faltarão

Venham os operários e os tenentes inoperantes, somos todos importantes
Poetas, professores, alunos reformados  e enfermeiros emigrados
Venham bombeiros fardados,  recordar colegas queimados
Venham Policias também, dar porrada a valer, seus filhos têm que comer

Acabou-se a eterna manifestação, doloroso sufoco de comiseração.
Por mais que custe é este o momento,  de acabar com o sofrimento
De acordar quem dorme para matar a estatística da fome
É agora, é agora.  O que tens a perder se os mandares foder.
Esta é a hora de dares um grito, de libertares o teu futuro aflito.
Espera-te a sorte ou a morte, e se nada fizeres, só morte, só morte...

Acabou-se o isto está mal, está na hora de salvar Portugal.

© Altino Pinheiro
25 Abril 2014 - Poetry Slam PDL

sábado, 19 de abril de 2014

Anjo caído



Há um anjo caído na calçada da praça, que vai rasgando joelhos, prometendo, pedindo, implorando a Cristo que é Deus nosso senhor na unidade do espírito santo, um milagre!

Este anjo caído é uma mãe sofrida, é um pai cansado, um embrião nascido, é um filho perdido no caminho da solidão.
Carregam nos ombros a confissão pesada da vida e da morte, revelada num molho de sírios que a chama do destino não perdoou.

Pelo campo do senhor vão em promessa, descalçados da dor que lhes crava a alma de emigrantes passageiros, coroados por uma vida de espinhos.

E Cristo glorioso, que é Deus do perdão, o maior dos milagres, deixa cair uma lágrima perfumada do seu rosto florido, o andor mais leve do amor, para inundar de gratidão o anjo caído na calçada da fé.

© Altino Pinheiro 2013