domingo, 29 de junho de 2014

A tua cidade


Que cores pintam a cidade urbana, metropolitana… onde moras?
Tem verde sedoso de esperança, branco puro de imensidão, 
olho azul de criança…  

Onde nasce o sol em cada manhã? 
Por detrás dos blocos de betão, no alto da torre da igreja da 
Senhora da Aflição ou no teu rosto morno de gratidão. 
É mesmo sol, verdade? 

Tem terra arável a tua cidade? 
Para semear migalhas de pão, folha perfumada de hortelã, 
um filho que pinte meus sonhos com lápis de cera, premonição.

Que gosto tem a tua cidade? 
Doce compota de figo, teus peitos melados, 
laranjada gaseificada, biscoitos de milho doirados. 

E tem noite a tua cidade? 
Tão noite assim para que no silêncio desta durmamos, amemos…
esperando por mais nada a não ser o dia… na tua cidade.

Esperança


Esperança é pedra falante
Diz espera
Confiança...

Murmúrio de coragem

Lava incandescente 
Solidificada
Não se parte
Não se perde
Não se cala!
Imortal…

terça-feira, 17 de junho de 2014

Medusa


Meu viver imensuravelmente urgente, 
incompreensivelmente apressado.
Faz-me sentir que não sou gente...
Vivo inexplicavelmente assustado. 

Vida medusa apaixonável.
Meu irremediável nascimento,  
foi-te assim tão deplorável
para tamanho sofrimento?

E evitavelmente cansado, 
vou provavelmente sendo,
aparentemente amado.
Por ti medusa, morrendo.


© Altino Pinheiro - 2014