quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Paixão violada

Na Pertinência do tempo esgotado, 
amargurado recordo tudo que me foi roubado.
Esta lágrima de ternura decadente gera agora um sentimento de romance finado

Não vejo a menina de outrora colhendo as pétalas aveludadas das hortências molhadas pelo sereno da madrugada. Quem te roubou-me?
Já não oiço a canção do mar cantarolada pelos teus lábios que embalava o uivo do vento em cada rajada. Quem te calou?

Esquecemos os passos de dança do Martinho, pézinho da vila, 
das mornas ternas de Cesária e outros bailes de carnaval...
Deixamos de ler e reler as cartas enrugadas, guardadas pelo tempo, 
onde a palavra paixão não tinha ponto final. Quem nos tirou tudo isto?

Onde anda aquele sorriso que nos acordava todas as manhãs?
O nó da ternura que atava os nossos lábios num beijo delicado
Quem roubou a nossa cesta dos afetos, dos carinhos, das maçãs?  

Foi violada! Violada a paixão pelas causas...
Morrendo agora em eutanásia de dor
Há muito magoada, sofrendo por amor.


Altino - Novembro 2014