Este palco é num porto onde se
embarcam e desembarcam palavras
Descarrega-se com paixão, expedindo a
carga pesada do ego
Carregam-se os volumes da alma que se
registam num poema
Fica-se refém da sorte, da folha de
papel, sem rumo nem norte
E chega a ordem para partir do
capitão, publico, juri, multidão…
3 2 1 slam
Então o mundo pára por instantes,
três minutos somente
Interrompem-se sorrisos e pensamentos,
o som de jazz eufónico.
Agora são poemas, são poemas e
poisa-se devagar um copo de gin tónico
3 2 1
slam
Aqui se diz poesia, como quem dá bom
dia,
Sobe-se ao barco e declama-se,
enche-se e derrama-se
Aqui se contam segredos, coisas belas
e enredos,
As cores de uma raça e outras coisas
com graça
Mulheres em férias tão lindas, boémios noturnos em noites já findas.
Aqui se contam insónias, fluindo
palavras do coxis ao ventre
Aqui o som da serra faz ssssss todos
os dias,
Aqui estão o Luís, a Carla, o
Gonçalo, a Jaqueline e o Malaquias
3, 2, 1 slam
Vem declamar ao Ateneu
Aqui há quem te ame
E ouve este grito que é teu
© Altino Pinheiro