Aqui na feira
é a sorte quem manda.
Nada é mais certo
do que o leve desapego
Um lugar de muitas
gentes e muitas coisas
Queridas, abandonadas
ao tempo de uma recordação
Bancas de lembranças
fugidas de outrora
Pechinchas sentimentais
vendidas ao desbarato
Aqui na
feira somos os melancólicos ricos da realidade
Poderosos,
neoliberais dos trapos e fatos.
Marxistas do
alecrim, das moedas falidas do passado
Vibrantes cantantes,
gritantes; - Bom e barato
Empáticos feirantes,
pedintes; - Paga um, leva dois
Vendem-se
recordações empoeiradas, discos, ceroulas e loiças
Abunda a arte
nostálgica, sapatos, quadros e chás
Sábios escritos
antigos, traquitanas, licores e sabões
Compram-se
sorrisos verdadeiros, jeans, jogos e jarras
Dão-se promessas de qualidade, rádios, ferramentas e relógios
Trocam-se baluartes
de amizade, casacos, camisas e beijos
Uma roda
comunitária de vida sem fim
Abarcada no
valor do preço mais justo
Aqui na
feira é sempre assim…
© Altino Pinheiro
© Altino Pinheiro
Muito bom, Altino! ;)
ResponderEliminarContinua... assim!