Aos treze anos escrevia umas coisas que sorrateiramente chamava
de poemas. Todos temos necessidade de nos expressar, projetar as nossas
necessidades, sentimentos e emoções. Na escrita ficamos resguardados da
iminente traição da linguagem, que por vezes nos oferece palavras que não
desejamos, vazias de sentimento. Na escrita não existe o impulso compulsivo de
resposta por aquilo que se sente no momento. Posso expressar diferentemente um determinado
assunto por palavras, gestos, linguagem e a sua perceção ser alterada com o contexto.
Na escrita, independentemente do método utilizado, o sentimento é sempre único e verdadeiro. Prevalece no tempo e no espaço.
Anjo meu Pai
Abro a
janela
Da minha
memória
Brisa leve
de saudade
De olhos
fechados
Vejo-te
aqui, meu Anjo
Sempre perto
de mim
Sinto teu
sopro
Apontas
sinais
E por vezes
me dizes
Estou aqui !
Abro os meus
olhos
E olho nos
teus
Profundos
que são
Revelam a
certeza
De que tu
meu pai
Não tiveste
um fim
Abro os meus
olhos
E acredito
que afinal;
Tu vives em
mim.
19,03,10
© Altino Pinheiro
© Altino Pinheiro
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