Desperta o meu corpo
dorido de uma noite mal dormida, pesadelo de insónia persistente que
persegue-me todas a noites.
É já madrugada, julgam
os meus olhos pela cor da noite adormecida.
Abro aos poucos as
cortinas da manhã ensonada que se anuncia em 6 badaladas lá da torre da matriz,
quase mudas, distantes.
Observo, escuto o magno
silencio desta madrugada melódica que se repete magicamente todos os dias num circulo
perdido. Brado ao céu uma inspiração oxigenada que me desperta da minha quietude,
do sono pasmado. O que vejo é belo. Divinas névoas boreais juntando a noite ao dia
num véu doirado de reflexo solar. Contemplo o sol que nasce sem pressa num
clarão divino de luz celestial, por de trás do algodão de nuvens cinzas
matinais.
Abraço o meu olhar
para os lados desta janela de madrugada, exalando um sorriso interno de
gratidão. E vejo a lua quase cheia ainda acordada, seguindo em compromisso a noite
apressada. Algumas estrelas difusas teimam em testemunhar esta beleza universal,
piscando uma lágrima de um choro enfraquecido, soluçado.
Soprado pela brisa fresca um bando de pombos vai matizando as tintas deste quadro cósmico, rasgando a seda do imenso azul-turquesa, derramando vermelhos vivos, melados, ensanguentado pelos dias que fizeram o passado.
Acordo decididamente do
sono perdido, não concedido pela noite, para adormecer acordado neste sonho emprestado
pela madrugada.
© Altino Pinheiro
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